terça-feira, 29 de setembro de 2015

Um dia li que na China o nascer do Sol 
era exibido em telões por causa da poluição. 
 O Ver, o Olhar e o Enxergar. 
Neste fotofilme temos uma dançarina presa na sua sombra, reflexo e imagem, tentando renascer com o coração despedaçado, 
retornando à consciência da expansão do seu ser, voltando ao mundo dos vivos. 

Nas entrelinhas o poema
Aqueles mesmos lábios - Bárbara Lia

Eu sou aquela que atravessa bombardeios
O país que escraviza a casa que amordaça
 O rio que afoga e o terraço que aprisiona
Eu sou aquela que salta cercas eletrificadas
 Desvia de minas, rasga a roupa no arame
Que me separa da última estrada
Eu sou aquela que pisa o asfalto ardente
Perde a sola do sapato, a pele dos pés
 A roupa, a água, a comida e nada resta... 
A não ser os ressequidos lábios
Que o rei beijou _um dia_
E a poesia, ainda, ela resta
Ancorada no varal do coração
_ grito que não me abandona _
E depois de nada ter, de não ter nem visão
Nem lágrima, nem saudade, nem força
Nem força para mais um passo
Encontra a fronteira, a terra livre ali 
_ Escancarada _
Faz meia volta.
Esqueceu algo
Esqueceu algo
Esqueceu-se na esquina
De uma primavera inolvidável
E dá as costas à fronteira
E dá as costas à Liberdade
Fantasma de uma Electra ou Diana
Crê _ desesperadamente _
Que vai chegar outra vez
Àquela esquina
À mesma primavera
Para beijar, outra vez,
Aqueles mesmos lábios
Foto André Santanche

 Video


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